ROC na Reforma Tributária: o que é, para que serve e como vai transformar a rotina das empresas

A Reforma Tributária está redesenhando a estrutura de impostos no Brasil, e uma das novidades mais relevantes para quem trabalha com contabilidade, fiscal e gestão empresarial é o ROC — Registro de Operação Comercial. Embora o tema ainda esteja em fase de regulamentação, o ROC já é considerado uma das peças centrais para garantir transparência, padronização e controle no novo sistema de tributação baseado no IBS e na CBS.

Se você é empresário, contador ou profissional do departamento fiscal, entender o ROC desde agora é essencial para se preparar para as mudanças que estão por vir.


O que é o ROC?

O Registro de Operação Comercial será um documento eletrônico obrigatório que registrará cada operação de circulação de mercadorias, prestação de serviços e movimentações econômicas relevantes no ambiente da nova Reforma Tributária.

Na prática, ele funcionará como um sistema de validação e autenticação da operação, garantindo que todas as etapas da transação sejam reconhecidas e compatíveis com as regras do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).

Enquanto a NF-e registra o documento fiscal, o ROC registrará a operação em si, com finalidade mais analítica, rastreável e integrada aos fiscos.


Por que o ROC será tão importante na nova era tributária?

A criação do ROC tem objetivos estratégicos claros:

1. Unificação e padronização

Hoje cada estado e município exigem informações diferentes.
Com o ROC, essas exigências tendem a convergir para um modelo único, simplificando processos.

2. Controle em tempo real

O ROC permitirá que o governo acompanhe operações à medida que acontecem, aumentando o nível de precisão fiscal e reduzindo divergências.

3. Redução de fraudes e inconsistências

Operações inconsistentes, divergentes ou simuladas serão mais difíceis, já que o ROC cruzará informações automaticamente com outros sistemas federais, estaduais e municipais.

4. Modernização do compliance tributário

O ROC é parte de um processo maior de digitalização que busca diminuir obrigações acessórias e fortalecer a automação fiscal.


Como o ROC deve funcionar na prática

Embora as regras finais dependam das Leis Complementares que ainda serão publicadas, o funcionamento esperado do ROC deve incluir:

  • registro eletrônico da operação antes ou junto da emissão da nota;
  • transmissão automática aos fiscos;
  • padronização nacional dos dados;
  • integração com ERPs, sistemas contábeis e plataformas fiscais;
  • vinculação direta às regras de IBS e CBS.

Ele será uma espécie de “cartão de identidade” da operação comercial, permitindo maior rastreabilidade ao longo de toda a cadeia produtiva.


Quais operações deverão ser registradas no ROC?

O ROC abrangerá praticamente todo tipo de atividade econômica que envolva:

  • venda de produtos;
  • circulação de mercadorias;
  • prestação de serviços;
  • operações interestaduais;
  • transporte de cargas;
  • atividades mistas (mercadorias + serviços).

Empresas do Simples Nacional também deverão utilizar o ROC, mas com um modelo simplificado — ainda em definição.


Como o ROC vai mudar a rotina dos departamentos fiscais e contábeis

1. Exigirá adaptação dos sistemas internos

Empresas precisarão revisar seu ERP e demais ferramentas para garantir integração com o ROC.

2. Aumentará a precisão dos dados

Erros de enquadramento, CFOP, alíquotas e classificações tendem a diminuir, já que o sistema cruzará dados automaticamente.

3. Facilitará auditorias internas e externas

Relatórios, conciliações e revisões tributárias serão mais ágeis e confiáveis.

4. Preparará o terreno para a redução de obrigações acessórias

Documentos e declarações redundantes poderão ser eliminados futuramente, substituídos pelo próprio ROC.


Quando o ROC entrará em vigor?

O ROC será implementado conforme o cronograma de transição da Reforma Tributária.
O que sabemos até agora:

  • 2026: fases iniciais de teste da CBS;
  • 2027: entrada plena da CBS;
  • 2029 a 2032: substituição gradual do ISS e ICMS pelo IBS;
  • ROC: será implantado de forma escalonada conforme essas etapas.

Ou seja: as empresas terão um período de adaptação, mas quem se preparar antes sairá na frente.


O que empresas e contadores podem fazer desde agora?

✔ Acompanhar a regulamentação das Leis Complementares

✔ Atualizar ERPs e softwares fiscais

✔ Capacitar equipes internas e externas

✔ Revisar processos de emissão de documentos

✔ Conhecer profundamente o modelo do IBS e da CBS

Profissionais que se anteciparem terão vantagens competitivas enormes.


Conclusão

O Registro de Operação Comercial (ROC) será um dos pilares da Reforma Tributária e terá impacto direto na gestão fiscal das empresas brasileiras. Ele representa um avanço importante rumo à simplificação, à padronização e ao aumento da transparência do sistema tributário nacional.

Para quem atua no setor contábil ou fiscal, acompanhar o desenvolvimento do ROC é mais do que uma necessidade — é uma oportunidade para se destacar e oferecer serviços mais precisos, modernos e alinhados ao futuro da tributação no Brasil.

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